Os resultados das eleições para a Prefeitura de Cuiabá surpreenderam a todos, especialmente quando comparados às pesquisas de intenção de voto que antecederam uma vitória de Eduardo Botelho (União Brasil) no primeiro turno. A realidade das urnas, no entanto, mostrou outro cenário: Abílio Brunini (PL) liderou com 39,61% dos votos, seguido por Lúdio Cabral (PT) com 28,31%, deixando Botelho em terceiro lugar, com 27,77%, fora da disputa no segundo turno. Esse resultado inesperado gerou várias teorias sobre os motivos por trás do resultado.
Uma das explicações mais comentadas é o chamado “voto da vergonha”, em que os participantes não declaram seus interesses reais nas pesquisas por constrangimento ou pressão política. Outra hipótese diz respeito à perda de identidade do candidato com o eleitorado ou até a desconfiança crescente sobre a legitimidade dos institutos de pesquisa. Independentemente das razões, o fato é que Botelho e o grupo político que o apoiava, liderado pelo governador Mauro Mendes, saíram derrotados. Essa reviravolta não se limitou à figura do candidato, mas refletiu um relato claro da população cuiabana sobre sua insatisfação com o atual cenário político.
As pesquisas eleitorais, frequentemente utilizadas como amostragem da eleição, mostraram-se falhas, questionando-se o papel dos institutos e sua eficácia em captar a verdadeira intenção do eleitor. Isso levanta discussões não apenas sobre a precisão dos métodos, mas também sobre o distanciamento entre a classe política e o sentimento popular. O apoio de Mendes, que muitos acreditavam ser uma vantagem decisiva para Botelho, revelou-se insuficiente para levar o candidato ao segundo turno. Esse é um sinal de que os cuiabanos estão buscando uma nova direção, distinta da proposta pelo atual governo estadual.
Agora, com Abílio e Lúdio no segundo turno, a expectativa é que a campanha se concentre mais nas propostas e menos nos ataques pessoais e na polarização ideológica entre direita e esquerda. É preciso que o debate foque nas questões mais urgentes para Cuiabá: saúde, educação, mobilidade e desenvolvimento sustentável. A cidade precisa de soluções práticas, e não de um embate de extremos que pode desviar a atenção do que realmente importa.
O recado das urnas foi claro: a população quer mudanças, mas cabe aos candidatos mostrar como irão entregar essas mudanças. Que o segundo turno traga uma disputa de alto nível e que os eleitores possam escolher com base em propostas concretas e não em rótulos ideológicos. O futuro de Cuiabá está em jogo, e ele não pode ser decidido apenas pela polarização política.
Agora, a torcida é para que vença o debate, e não a divisão.
Silvério Almeida é estudante de jornalismo
Mín. 22° Máx. 27°